segunda-feira, 5 de julho de 2010

Foi aprovado definitivamente o domínio .xxx


Entidade reguladora do ciberespaço deu aval a domínio dedicado à pornografia.

O domínio .xxx, que será dedicado exclusivamente a conteúdo pornográfico, foi aprovado definitivamente pela ICANN, agência norte--americana que regula a atribuição de domínios e endereços online. A proposta foi realizada pela empresa ICM Registry, fundada por Stuart Hawley, um dos sobreviventes da "bolha" dot-com, que no início do séc. XXI provocou um crash no sector online, depois de cinco anos de crescimento.
Apesar de ter sido agora aprovada, a proposta da ICM para estabelecer o domínio .xxx tinha já sido por três vezes rejeitada pela ICANN (em 2000, 2005 e 2007), tendo agora sido reavaliada após um parecer de uma comissão independente (o International Centre for Dispute Resolution) acerca da legitimidade da proposta pela ICM. O presidente do ICANN, Rod Beckstrom, absteve-se, porém, desta última votação.
No entanto, a proposta já causou controvérsia, não só nas franjas mais conservadoras da sociedade americana como também entre a própria indústria pornográfica. Alguns fornecedores de conteúdo online destinado a maiores de 18 anos temem que o novo domínio abra um precedente para a aprovação de legislação que torne a adesão ao .xxx obrigatória, criando assim um "red light district virtual", e, alegadamente, constitua uma violação da "liberdade de expressão" e do direito de propriedade das empresas do sector que, frequentemente, não estão sequer envolvidas na produção dos conteúdos distribuídos.
Em 2001, meses após a rejeição da proposta inicial, o congressista do Partido Republicano Fred Upton, um dos principais proponentes de legislação antipornografia nos Estados Unidos, perguntava ao ICANN a razão para a rejeição do novo domínio como um meio de combate à pornografia.
Algumas organizações conservadoras, porém, protestam a criação do novo domínio por este poder, caso seja facultativo, vir a dificultar a fiscalização do mercado pornográfico online, por facultar mais um espaço para a implantação de sites "adultos".
A Internet tornou-se, desde a sua disseminação em massa na década de 90, a maior rede de distribuição da história. Um artigo no diário britânico Guardian comparou o impacto do crescimento da Web à invenção da imprensa por Johannes Gutenberg em meados do séc. XV, mas a vertente multimedia da Internet tornou-a, mais do que uma ferramenta capaz de efectuar profundas transformações socioculturais, também um poderoso meio de disseminação de conteúdos.
Em nenhuma área é isto mais visível do que na indústria do sexo, que, segundo um estudo da Reuters datado de 2003, era um sector que apresentava (à altura) rendimentos na ordem dos dois mil milhões de dólares, cerca de 70% dos rendimentos totais da Internet.

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