quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Cobol a caminho da nuvem

Micro Focus actualiza o Visual Cobol para incluir acesso ao Azure e a Java Virtual Machine.



A Micro Focus actualizou a sua plataforma de desenvolvimento para a linguagem de programação Cobol, adicionando a capacidade de executar aplicações Cobol no serviço cloud da Microsoft, o Azure.
O Visual Cobol R3, divulgado esta quinta-feira, também oferece a capacidade de prévisualização de programas Cobol a correr numa JVM (Java Virtual Machine), disse Peter Anderson, director de soluções de produtos da Micro Focus.
Com este lançamento, a empresa trabalhou muito para colmatar o legado desta linguagem para ambientes de computação moderna. A linguagem pode até ser uma opção viável para novos projetos, argumenta Anderton.
Usando o Visual Cobol, um programador pode criar uma única vez uma aplicação em Cobol para ser executada inalterada em Unix ou Linux, numa JVM, num serviço hospedado no Azure ou na plataforma Net 4.0 da Microsoft, afirmou Anderton.
A versão anterior do Visual Cobol era um plug-in para o Microsoft Visual Studio 2010, permitindo que os utilizadores do Visual Studio pudessem escrever programas em Cobol. A versão 3 também pode ser obtida como plug-in para o Eclipse IDE (“integrated development environment”), além do Visual Studio.
Para as aplicações baseadas no Azure, o Visual Cobol aproveita do Visual Studio 2010 a capacidade inata de publicar uma aplicação para a nuvem Azure, o serviço de hospedagem de aplicações oferecido pela Microsoft e pelos seus parceiros. É a primeira versão do Visual Cobol a oferecer essa possibilidade, diz Anderton.
Para os utilizadores de Linux e Unix, o Visual Cobol R3 oferece agora algo chamado de “Development Hub” (centro de desenvolvimento), que permite aos progamadores escrever o código em Cobol no computador e compilar e depurar (“debug”) esse código numa máquina remota.
A pré-visualização técnica na JVM é um ensaio para uma versão completa do produto pronto no Visual Cobol R4, que deve ser lançado em Maio. A Micro Focus desenvolveu um compilador Cobol que pode compilar o código Cobol para código Java, tornando-o executável em qualquer plataforma JVM. “A tecnologia existe mas a usabilidade não está 100%”, refere Anderson. Esta versão, no entanto, permitirá aos programadores começarem a trabalhar com a JVM antecipando a R4.
“Pode-se ter Cobol ao lado do Java. A interoperabilidade entre os dois é muito mais fácil. Podem-se criar aplicações compostas que utilizam a melhor linguagem para cada parte do trabalho”, disse ele.
Para esta versão, a Micro Focus também alargou o Cobol básico com um número adicional de funcionalidades C# e Java, com a ideia de que essas agregações tornam mais fácil para os programadores de Java e C# usarem a linguagem.
Criado em 1959, o Cobol foi projectado para simplificar o processo de escrever programas usando uma sintaxe mais facilmente compreensível por não-programadores. Uma quantidade considerável de código Cobol ainda hoje funciona. A empresa estima que 220 mil milhões de linhas de código Cobol estão actualmente em produção, em mainframes e noutros sistemas.
Embora o Cobol seja amplamente considerada como uma linguagem antiga, Anderton argumenta que pode ser uma opção viável para novos projectos por uma série de razões.
“É muito rápida na manipulação de estruturas simples de arquivo e a fazer operações de conjuntos de dados maciços. Nada pode igualá-la”, afirma. Oferece uma precisão numérica ainda difícil de obter noutras línguas. Por exemplo, pode realizar operações matemáticas até 38 casas decimais com truncamento.
É também uma linguagem fácil de aprender. “É uma das línguas mais fáceis de entender”, diz.